Violência doméstica aumenta durante a quarentena de Covid-19

É preciso pensar políticas públicas que protejam as mulheres de seus agressores nesse momento

A violência doméstica, que já vinha mostrando crescimento nos dados dos últimos meses, ganhou contornos específicos desde o início das medidas de isolamento social. A agressão machista contra mulheres apresentou registros elevados em todo o mundo, principalmente nos países da America Latina.

Com o confinamento, que obriga milhares de mulheres a conviverem com os seus agressores, o acesso à Justiça e medidas de proteção também ficam limitados, o que tem aumentado o número de pedidos de socorro. Só em São Paulo, nos primeiros 10 dias após a publicação dos decretos de Isolamento Social, as denúncias nos canais oficiais do governo aumentaram cerca de 30%.

É preciso ressaltar que esse número já estava em crescimento antes mesmo da epidemia de Covid-19. No ano passado, a América Latina registrou cerca de 3.800 feminicídios, um aumento de 8% em relação ao ano anterior, de acordo com o Observatório de Igualdade de Gênero da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal). No Brasil os maiores índices são observados no Estado do Rio Grande do Norte (34%), Ceará (29,1%), Acre (28,6%), Mato Grosso (21,9%) e Rio Grande do Sul (9,4%).

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Barrar a violência contra a mulher diante do isolamento

O alerta para o aumento dessa violência contra as mulheres já vinha sendo feito pelo MML (Movimento Mulheres em Luta), filiado à CSP-Conlutas. O MML defende políticas públicas de proteção à mulher durante o isolamento. Também defende o acesso e apoio remunerado digno às mulheres, que por vezes ainda permanecem com seus parceiros por dependência financeira.

“O Brasil já é, há alguns anos, o quinto país que mais mata mulheres, consequência da negligência dos governos. Bolsonaro, no último ano, além do discurso misógino,  não investiu um centavo nas políticas de combate a violência machista. É preciso um plano de emergência para salvar as vidas das mulheres trabalhadoras”,  defende Marcela Azevedo do Movimento Mulheres em Luta.

A CSP-Conlutas, via Setorial de Mulheres,  apresentará, nos próximos dias, iniciativas para combater a violência e exigir medidas de proteção às vítimas.