Sind-Rede participa de Audiência Pública da CMBH sobre situação da Educação Infantil

Audiência acontece em meio ao 2º Dia Nacional em Defesa da Educação Pública

Em meio as mobilizações do 2º Dia Nacional em Defesa da Educação Pública, os trabalhadores da Educação Infantil da Rede Municipal de Belo Horizonte compareceram em peso à Audiência Pública da CMBH, para debater os problemas do setor.

A mesa contou com a presença de vereadores da comissão de Educação da Câmara Municipal, da secretária de educação Ângela Dalben, de representantes da sociedade civil, como diretoras do Sind-REDE e do movimento pró-creche, uma representante das mães das crianças que frequentam as Emeis e a conselheira de educação Maria Antonieta.

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Durante a Assembleia diversas denúncias foram levadas para a comissão. Como a exclusão dos berçários nas Escolas, a unificação de turmas de crianças de idades diferentes, chamadas de “turmas flex”, a falta de auxiliares de inclusão para as crianças com necessidades especiais, a redução do horário de atendimento das Escolas, o fim do cadastro por livre demanda (que tem deixado turmas ociosas), o corte de 20% nas verbas de custeio da Educação Municipal, a demora na implementação dos 3 níveis da Progressão de Carreira das professoras e a denúncia de que as Redes Parceiras tem sido privilegiadas em relação a Rede Própria, que deveria ser a prioridade do Município.

Ainda na apresentação, os representantes da Prefeitura afirmaram que a prioridade do município é buscar a universalização do ensino para crianças de 4 e 5 anos. E que só houve fechamento e junção de turmas porque o cadastro não foi preenchido, deixando vagas ociosas.

Após a apresentação dos vereadores sobre a situação e os planos para a Educação Infantil na cidade, muitos questionamentos foram levantados. Em sua intervenção, a representante das mães e pais de alunos das Emeis afirmou que os números dos gabinetes não se aproximam da realidade fática. Segundo a representante, políticas públicas são feitas pra resolver problemas da sociedade e não adianta fazer estudos para mostrar números que não atendem a população. “A política de universalização da Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos é um horizonte importante, mas busca-lo em detrimento do fechamento de vagas significa deixar crianças e famílias em situação de vulnerabilidade”. E completou: “As vagas só ficam ociosas porque o serviço não atende a demanda das famílias. A criança é a mais prejudicada, quando não existe mais livre demanda para cadastro. A forma como a política é oferecida hoje acaba com a possibilidade de retorno das mães ao mercado de trabalho”, finalizou.

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As representantes do Sind-REDE também questionaram a apresentação da Prefeitura. E questionaram, principalmente o corte de verbas. “O decreto 17053, da PBH, corta 20% das verbas de custeio Educação Municipal, isso não é diferente do que o Governo Bolsonaro fez na Educação Federal. Além disso, é a primeira vez na história da rede que há corte de livre demanda para as turmas de 2 anos, esse é um setor que precisa de ampliação, mas tem tido redução”. Também foi reivindicado a abertura de concursos públicos para suprir as vagas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. “A turma flexível é o retorno da lógica do assistencialismo nas Escolas, cujo único objetivo das professoras seriam cuidar das crianças. Mas nós somos professoras e exigimos cumprir o nosso dever que é educar essas crianças de acordo com as suas demandas e necessidades!”, denunciou.

Também foram cobradas demandas das professoras, como a exigência da implementação dos 3 níveis. Conquistado a duras penas depois de uma greve de 52 dias. E a questão do atestado médico “É lastimável uma Prefeitura que indefere atestado medico para quem é vítima de assédio. Isso é uma crueldade, quem sofre assédio não consegue nem reclamar”, finalizou.

Os representantes da Prefeitura tentaram justificar os cortes afirmando que a expectativa de orçamento previsto na LOA teve que ser alterado devido á crise econômica do país, e o não repasse do estado pelo Fundeb. E para garantir o pagamento da folha, foi necessário um contingenciamento de custeio de totalizando 114 milhões (cerca de 20%). Ele também afirmou que os 3 níveis da carreira estão garantidos por esse Governo, “1 para esse ano e 2 ano que vem, implementaremos até o fim do mandato”.

A secretaria municipal de educação também se defendeu das críticas, disse que a mudança do horário de atendimento das EMEIs foi baseado em uma pesquisa com os pais, mas admitiu que foi um grupo pequeno, e já está revendo a questão para voltar ao horário antigo. Ela também afirmou que a carreira estava nos planos da Secretária e que não havia necessidade dos 52 dias de greve em 2018, o que causou protestos e risadas no auditório.

A secretária também saudou o movimento de luta pró-creche, e afirmou que as creches das Redes Parceiras são aliados prioritários para atingir a universalização da Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos, buscando implementar melhorias das parceiras, para atingir mais igualdade no serviço das duas Redes. A secretária também afirmou que o cadastro está sendo cumprido.

Entre as intervenções da plateia, foi ressaltado que as Redes Próprias e Parceiras não são inimigas e devem continuar co-existindo até que o município consiga universalizar toda a Educação Infantil. Apesar disso, foi pontuado que, não ser contra a rede parceira, não significa aceitar os cortado qualquer dinheiro da Rede Pública.

Também foi lembrado que Kalil usou as redes sociais para criticar o contingenciamento na Educação do Governo Federal, com o corte de 30% nas verbas de custeio da Educação Federal. Mas fez o mesmo em Belo Horizonte. “Não tem como justificarem as emendas na LOA que corta 20% do custeio da educação municipal. É o mesmo corte.” Também foi lembrado que, os professores não estão negando que a secretaria está cumprindo o cadastro. Mas, frisaram que há crianças fora do cadastro, porque ele não é acessível para muitas famílias.

As professoras também frisaram que é preciso estar nas Escolas e Emeis para conhecer de fato a realidade. E que se necessário for, para garantir as verbas para Educação, farão unidade de ação com a prefeitura contra o Governo Estadual para cobrar os repasses do Fundeb. Mas que não dá para o prefeito Kalil continuar assumindo uma posição de neutralidade, dizendo que tudo vai bem com Belo Horizonte, se o cenário é de cortes nas escolas.