Protestos anti-racismo nos EUA contagiam o mundo e chegam à Belo Horizonte

Manifestações marcadas para este domingo podem representar uma inversão

Mesmo estando no epicentro da Pandemia do novo Coronavírus, os EUA centro do capitalismo mundial se tornou palco de uma gigantesca eferverscência social. Os protestos que já se prolongam por mais de 2 semanas e tiveram como estopim o assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco de Minneapolis, Derek Chauvin.

O vídeo perturbador em que Chauvin asfixia Floyd com o joelho em seu pescoço por sete minutos, enquanto o homem implorava por sua vida e afirmava que “não conseguia respirar”, viralizou pelo racismo explicito e institucionalizado da polícia norte-americana. Chauvin simplesmente ignora os gritos de Floyd e de pessoas próximas, que também imploravam para que o policial parasse com a violência.

Os protestos iniciados em Mineápolis, cidade onde aconteceu o assassinato, rapidamente tomaram todo os Estados Unidos e começam a reverberar pelo mundo. A resposta repressiva de Trump, além de não intimidar os manifestantes, tirou o coronavírus das manchetes dos noticiários internacionais, pela primeira vez em 3 meses. Trump tenta criminalizar os manifestantes, taxando-os como terroristas, tal postura tem gerado ainda mais prejuízos a sua imagem no mundo, já que os EUA são conhecidos por suas interferências internacionais sob a prerrogativa de “abusos antidemocráticos”.

Protestos chegam ao Brasil

Os protestos nos Estados Unidos parece ser a fagulha que faltava para desencadear a reação dos trabalhadores e do povo pobre brasileiro. O país que tende a se tornar o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus, também passa por uma das maiores crises políticas e econômicas de sua história. Com mais de 600 mil casos e cerca de 35 mil mortes, o Brasil tem se aproximado da trágica marca de concentrar quase 10% de todas as mortes por Covid-19 do mundo

Se já não bastasse o perigo que a doença representa, o governo Bolsonaro parece ter a intenção de aprofundar os danos da pandemia. A postura do presidente continua sendo a de negar a pandemia e incentivar a volta da “normalidade econômica”, como se isso fosse possível diante do colapso do sistema de saúde em vários estados e o número crescente de mortes. Para piorar, já são 3 semanas sem um ministro titular no Ministério da Saúde, isso explicita a dificuldade de Bolsonaro em encontrar alguém que aceite pegar a tarefa seguindo as suas diretrizes, o que na prática representa assumir a responsabilidade por todas as mortes.

A oposição a Bolsonaro na defesa do isolamento social colocou os movimentos sociais e toda a esquerda em uma posição difícil. Com o incentivo do presidente à manifestações política e atos públicos em defesa da volta a normalidade, a extrema-direita havia assumido o monopólio das ruas, sobrando apenas as manifestações virtuais e panelaços para os setores da oposição.

A situação começa a mudar há pouco mais de um mês, quando setores minoritários de torcidas organizadas começam a se organizar para realizar manifestações de cunho anti-fascista e em defesa de ideais democráticos. O primeiro deles aconteceu em Porto Alegre, com o objetivo de confrontar de forma não violenta as manifestações fascistas que tradicionalmente se concentram em frente aos quartéis do exército no centro da cidade. Influenciados pelas torcidas de Porto Alegre, núcleos anti-fascistas de torcidas organizadas de todo país passaram a repetir os atos em defesa da democracia.

Os protestos nos Estados Unidos parecem ser a fagulha que faltava para motivar atos com adesão de massas em diversas cidades do país. A similaridade do racismo institucionalizado da polícia americana com a brasileira, trouxe a pauta do racismo para o centro do debate, que passou a questionar, por exemplo, a maneira absurda como a justiça e os órgãos de “segurança” pública reiteradamente garantem impunidade aos militares que praticam estes assassinatos no Brasil.

A Classe trabalhadora entra em cena

Em Belo Horizonte dois atos estão sendo convocados para este domingo (07/06). Um deles é mobilizado pelos setores anti-fascistas das torcidas organizadas do Atlético, Cruzeiro, América e Flamento, além de figuras conhecidas do movimento Hip-Hop da cidade. Essa será a terceira manifestação convocada pelo grupo, que também foi as ruas no domingo passado (08/06) e segunda-feira (09/06). As manifestações tem um caráter expontaneista e levam a pauta da luta contra o fascismo, o racismo e em defesa da democracia.

Ao mesmo tempo, entidades ligadas aos trabalhadores da Educação e movimento estudantil convocam uma manifestação contra o programa Future-se do Ministério da Educação e em solidariedade as pautas anti-racismo, contra o genocídio do Povo Negro e em defesa da Educação Pública e da Democracia. As entidades da educação farão um ato às 13h na Praça da Estação.

Precauções

Em função da pandemia a ação será realizada com todos os cuidados que o momento exige. O distanciamento entre as pessoas será observado e incentivado. Todos devem levar produtos de higienização (como alcool em gel e lenços umedecidos) e o uso de máscaras é obrigatório (recomendável que se leve mais de uma, para a troca). Para que sejam reduzidos os riscos, não é recomendada a participação de pessoas que pertencem ao grupo de risco (idosos, imunossuprimidos e portadores de cormobidades) ou que convivam com pessoas do grupo de risco.

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