O que esperar do novo ministro da Educação Milton Ribeiro

Ribeiro é pastor e já assume com a tarefa negociar o novo Fundeb com o Congresso

Depois de 22 dias sem um titular, o pastor Milton Ribeiro foi nomeado como novo Ministro da Educação do governo Bolsonaro. A nomeação aconteceu na última sexta-feira (10/07). O nome de Ribeiro é um aceno ao chamado setor ideológico da base do governo, que há muito ansiavam por mais um ministro evangélico. O pastor é o quarto a ocupar o cargo de chefia do MEC, desde que Bolsonaro assumiu a presidência.

Ribeiro é vice-presidente do conselho deliberativo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, onde foi vice-reitor. Segundo a universidade, ele é doutor em Educação pela USP, mestre em Direito pela Mackenzie e bacharel em Teologia pelo SP. Ribeiro já fazia parte do governo Bolsonaro, em maio do ano passado, foi nomeado para compor a comissão de ética pública que é ligada diretamente à presidência da República.

Logo após a sua nomeação, a chamada “bancada da bíblia” da Câmara dos deputados iniciou uma movimentação para pressionar o novo ministro a demitir secretários considerados não conservadores do MEC. Intensificando assim, o processo de aparelhamento iniciado por Weintraub. Os deputados querem a demissão de qualquer secretário que já tenha integrado equipes técnicas de figuras que hoje fazem oposição ao governo Bolsonaro como Haddad, Ciro Gomes e Mercadante.

Se por um lado, a bancada evangélica quer a demissão de secretários, a Frente Parlamentar da Educação já se preocupa com as declarações polêmicas do ministro que começaram a circular com força na internet nos últimos dias.

Em vídeos de pregação religiosa, Milton defendeu o castigo físico como uma forma de pais educarem os filhos; disse que universidades federais “ensinam sexo sem limites”; que o homem deve ser o líder em casa; chegou a justificar um feminicídio de uma jovem de 17 anos por um homem de 33, afirmando que “confundiu paixão com amor”; criticou o Bolsa Família, dizendo que o cidadão “usa com tudo menos comida”; condenou o ensino do respeito a identidade de gênero e orientação sexual nas escolas “em algumas escolas se fala até de casamento gay com os meninos, com as crianças. Aqueles que deveriam defender os princípios éticos são os mesmos que atacam a nossa nação”. A comissão deve convocar o ministro para prestar esclarecimentos sobre as declarações na próxima semana.

Segundo a diretoria do Sind-REDE/BH, os movimentos sociais, em especial os movimentos e sindicatos da Educação, precisam construir uma frente contra o atual ministro. “Mas sem ilusão, nada de bom sairá do governo Bolsonaro. Por isso, nossa frente prioritária é pelo Fora Bolsonaro e Mourão”, afirmou.

O novo ministro terá grandes desafios pela frente, como a aprovação do novo Fundeb, a organização do Enem, prevista para janeiro de 2021, a continuidade do ano letivo durante o período de pandemia e a implementação da Base Nacional Comum Curricular.