Escolas Fechadas, vidas preservadas!

A reabertura das escolas neste momento não é solução!

Somos solidários a todas as famílias dos estudantes das escolas públicas e particulares de Belo Horizonte, respeitamos as dúvidas, anseios, dificuldades pelas quais estão passando e entendemos bem quando uma parte significativa, ou talvez a maioria delas, é contrária a volta as aulas presenciais neste momento. Diversas pesquisas apontam que a reabertura de escolas irá aumentar significativamente o risco de contágio pela Covid-19. Abrir as escolas nessas condições é desrespeitar as famílias, os trabalhadores em educação, os trabalhadores da saúde e toda a população. Não existe testagem para todos, não temos vacina e não podemos arriscar a vida das pessoas.

Entendemos o prejuízo pedagógico causado por esta pandemia, mas acreditamos que com a devida atenção e investimento dos governos, este prejuízo poderá ser minimizado e recuperado nos anos subsequentes, este é um compromisso que os Trabalhadores em Educação se esforçarão em cumprir.

O que precisamos é exigir dos governos que deixem de falácias e garantam condições para isso: infraestrutura física e pedagógica, investimento na redução da imensa exclusão digital, garantia de mais profissionais nas escolas, mais escolas, menos estudantes nas turmas, tempo de planejamento aos profissionais da educação. Escola não é escritório, não é comércio, não é hospital. Escola é uma instituição que se relaciona com os indivíduos (crianças, adolescentes, jovens e adultos) para ensinar, educar e cuidar e estas relações se pautam por meio do diálogo, do contato e do afeto.

O pronunciamento do governador Romeu Zema sobre o retorno das escolas ainda este ano, a ação das Escolas Militares e a pressão das escolas particulares são mais do que irresponsáveis, são demonstrações de descaso com a vida dos estudantes e de suas famílias. Mas só escancaram o processo excludente que tem sido bancado pelo Estado revelando a total falta de respeito com as famílias dos estudantes das periferias, com as professoras, professores e demais trabalhadores em educação.

No domingo passado (20/09/2020), o Sind-REDE/BH, a CSP Conlutas e o Sindifes, realizaram uma Carreata contra a reabertura das escolas e em repúdio à fala de Bolsonaro que disse em uma live que os professores não queriam abrir as escolas porque não queriam trabalhar. Hoje somamos o nosso repúdio à declaração do governador ZEMA.

Não acreditamos no Ensino Remoto Emergencial à Distância aplicado pelo Estado e pelas escolas particulares, o qual jamais terá o alcance e a imprescindível humanidade vivenciada no contato presencial. Não acreditamos porque esta ação tem gerado uma exclusão ainda maior dos estudantes que não têm condições de acessar os materiais, aumentando o stress e a ansiedade. Já para as professoras e os professores é o adoecimento e a sobrecarga de trabalho, pois têm seus espaços privados invadidos por este modelo sem ter por parte do Estado nenhuma garantia material para sua realização. Ações como estas continuam promovendo a exclusão, aumentando as desigualdades e precarizando ainda mais a qualidade da educação.

Não há possibilidade de retorno às aulas, por não ter vacina, testes e estrutura nas escolas. Temos sim que manter os vínculos com as famílias, ajudar na medida do possível a incentivar os estudantes a refletirem sobre o momento, a ler, a estudar, por mais difícil que possa ser essa tarefa para muitas famílias. Mas o conteúdo pedagógico de 2020, mesmo este que está sendo realizado por meio das aulas remotas, precisará ser retomado posteriormente.

Os protocolos a serem discutidos emergencialmente nesse momento, não são aqueles que devemos adotar no retorno, mas sim a garantia de mais recursos para a educação pública. Quanto às escolas particulares, que os governos possam garantir aos pequenos empresários o socorro emergencial para que o emprego das pessoas seja garantido. Nossa exigência se faz a Bolsonaro e Zema, que agem de forma criminosa e a Kalil, que apesar de destoar dos dois primeiros na posição de manter as escolas fechadas, medida que apoiamos, também faz cortes no investimento da Educação Pública e ataca os trabalhadores da educação.

No retorno das aulas, se tivermos o necessário investimento na Educação Pública poderemos dar um salto na qualidade do atendimento educacional aos nossos estudantes. É isso que defendemos. Portanto, não se trata de discutir protocolos, neste momento eles não são possíveis. Trata-se de manter as escolas fechadas, estruturar as mesmas, investir na Educação e preservar todas as vidas.

Diretoria Colegiada do Sind-REDE/BH