É hora de organizar um 1º de Maio Classista. Fora Bolsonaro e Mourão, já!

As maiores Centrais Sindicais impõem a presença de inimigos da classe trabalhadora ao evento, rompendo com a unidade

Ontem repercutimos uma matéria da CSP-Conlutas que refletia o processo de construção do ato unificado do 1º de maio, no dia 23/04. Nos dias que se seguiram, infelizmente, as Centrais Sindicais, em especial CUT e Força Sindical, evoluíram para a construção de um ato com convidados diretamente inimigos de nossa classe, tal processo fez romper a unidade do ato do dia primeiro de maio.


Depois de muito esforço pela unidade, as maiores Centrais Sindicais brasileiras rompem a organização de um ato unitário no 1º de Maio, Dia Internacional de Lutas dos Trabalhadores e Trabalhadoras, para impor a presença dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM) e Davi Alcolumbre (DEM), respectivamente, assim como do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, no palanque virtual.

Sim, isso mesmo! Esses são os convidados para o ato do 1º de Maio das maiores Centrais Sindicais. Também foram convidados Lula, FHC (Fernando Henrique Cardoso – PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Flávio Dino (PCdoB).

Este convite é inaceitável pelo o que esses senhores representam aos trabalhadores: profundos ataques aos direitos, às aposentadorias e aos empregos.

A intenção das cúpulas dirigentes já havia sido anunciada, unilateralmente na mídia, na última quinta-feira (23), sem qualquer consulta às centrais que pudessem se opor à proposta. Nesta segunda-feira (27), durante reunião do Fórum das Centrais Sindicais, a decisão foi anunciada, com o apoio da maioria das 11 entidades presentes.

Diante de tal ruptura da independência de classe, temos a obrigação de organizar um Ato Classista neste 1º de Maio. Um ato que esteja à serviço da vida, do emprego, dos direitos, da renda básica para todos que precisem e, principalmente, para fortalecer nossa luta pra botar pra Fora Bolsonaro e Mourão, já!

Precisamos exigir quarentena geral já, em meio à pandemia de Covid-19 que, nesta segunda-feira (27), já havia atingido mais de 66 mil pessoas e o total de mais 4.500 mortos, a maioria da classe trabalhadora, parcela significativa de trabalhadores da saúde e de serviços essenciais e do povo mais pobre. O mais alarmante é que esses são dados oficiais. Se somarmos os casos subnotificados esse número cresce exponencialmente.

Portanto, a realização de um ato classista é a única decisão que podemos encaminhar em se tratando de uma data histórica da luta dos trabalhadores e trabalhadoras mundialmente. Justamente para homenagear os mártires de Chicago que nesta data, em 1886, protestavam contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigiam a redução da jornada, que chegava a 17 horas para 8 horas. As mobilizações foram duramente reprimidas, provocando prisões, pessoas feridas e mortes. Em 1889, a segunda Internacional Socialista decidiu convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pela jornada de 8 horas de trabalho.  Daí surgiu um dia internacional de luta.

Em memória dos mártires de Chicago, nosso 1º de Maio será classista e independente

O governo Bolsonaro e Mourão é incapaz de garantir a defesa da vida dos trabalhadores e o sustento necessário para a população permanecer em casa. É um genocida ao não levar a sério a gravidade dessa pandemia e apenas responder ao desejo dos empresários de manter a produção e o comércio funcionando. Não entendem que sem vida não há trabalho.

Os governadores e prefeitos, por mais que mantenham medidas de isolamento, não tomam medidas efetivas para enfrentar a propagação do coronavírus como cobrar as dívidas de sonegação de impostos nos estados e municípios para reverter verbas urgentes para a saúde. Pelo contrário, começam a ceder à pressão capitalista e tentam apressar a “volta ao normal”.

No meio desse caos, a Câmara Federal, presidida por Rodrigo Maia, aprovou a MP 905, que desregulamenta o trabalho, retira direitos e rebaixa salários, provocando o aumento do desemprego no país. Já o presidente do Senado deu a ficha para Bolsonaro revogar a medida naquela Casa, pois dessa forma não caducaria e poderia ser novamente apresentada ao Congresso. Alcolumbre resolveu dar uma mãozinha a Bolsonaro ao perceber que a medida poderia não ser voltada na data do prazo limite e, esta semana, em acordo com Paulo Guedes apresentou proposta para congelar os salários dos servidores públicos federais, estaduais e municipais.

Assim, este 1º de Maio acontece em meio a uma grande crise sanitária, social, econômica e política e as principais Centrais Sindicais tomam essa decisão lastimável. Convidam para o palanque virtual os algozes dos trabalhadores, quando o protagonismo deveria ser das entidades dos trabalhadores, das centrais sindicais, dos movimentos populares, das organizações da juventude, dos partidos comprometidos com a causa dos trabalhadores e organizações democráticas, além das iniciativas culturais.

Estamos num momento em que o povo pobre morre de fome ou de coronavírus sem a menor assistência do Estado. Estão sobrevivendo a partir de sua auto-organização e da contribuição de movimentos populares, dos setores da Igreja voltados às pessoas em situação de rua. A violência doméstica contra as mulheres cresce a cada dia.

Os 600 reais deliberados para autônomos, desempregados, micro empreendedores e beneficiados pelo Bolsa Família, opcionalmente, se tornaram uma grande enrolação por questões burocráticas e pelo atraso do pagamento desse valor pelo governo.

Neste momento tão grave, necessitamos da mais ampla unidade de classe e todos os esforços foram feitos. Mas não podemos entregar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras e do povo pobre a serviço de uma estratégia eleitoral e da conciliação de classes, o que está sendo feito pela maioria das Centrais.

Não podemos dar as mãos com os que conduzem a agenda ultraliberal no país que está provocando um regime de semi-escravidão aos trabalhadores.

A CSP-Conlutas defende que o ato virtual do 1º de Maio esteja à altura das necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras do país. Imprescindivelmente, que afirme a defesa da saúde e da vida dos trabalhadores a partir da defesa da quarentena geral, com garantia de estabilidade, emprego e salário; assim como o aumento e pagamento do auxílio emergencial. Precisamos levantar a bandeira do não pagamento da Dívida Pública aos banqueiros para ter os recursos necessários para as áreas da saúde e social.

No mundo inteiro, os trabalhadores mesmo em condições de isolamento social, também vão protestar de forma virtual contra este sistema que sempre tenta descarregar a crise nas nossas costas. Por isso, conclamamos as organizações e trabalhadores a realizarem no nosso dia um grande ato virtual classista, independente e internacionalista.

Nosso Ato Classista terá uma live com representações do movimento sindical e popular, eventos culturais e, às 20h30, vamos fazer um panelaço em defesa da vida e exigir Fora Bolsonaro e Mourão, já!

Executiva Nacional da CSP-Conlutas